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A ameaça do Coronavírus na indústria

A pandemia de coronavírus criou incertezas sobre a continuidade no movimento de geração de vagas formais de trabalho na indústria neste início de ano. Em 2019, o avanço no emprego mais qualificado foi puxado pelo setor de alta intensidade tecnológica, segundo levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) obtido com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

A virada de ano mais robusta para o emprego nos ramos industriais mais tecnológicos sinalizava uma “preparação de terreno” para desempenho mais forte da produção este ano. Só que a pandemia do novo coronavírus, que tem alimentado forte volatilidade no mercado financeiro, valorização do dólar e interrupções nas cadeias globais de valor, pode afetar essa previsão.

Embora tenha registrado estagnação na produção no ano de 2019, a indústria de transformação brasileira apostou na contratação de novos trabalhadores, movimento que ganhou força no último trimestre do ano. A criação de vagas formais no setor ajudou na recuperação ainda incipiente da qualidade do emprego no País.

Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), compilados pelo Iedi, o número geral de trabalhadores da indústria de transformação cresceu 1,4%, em média, em 2019, após ter avançado 0,9% em 2018.

Já no quarto trimestre de 2019, foram criados 311 mil postos de trabalho na indústria de transformação, o que representou um aumento de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior – a terceira taxa positiva consecutiva, o que não ocorria desde 2017.

Se considerada só a geração de vagas com carteira assinada, houve um aumento de 2,6% no emprego formal na indústria de transformação no quarto trimestre de 2019, ante o quarto trimestre de 2018. Em números absolutos, isso significou 168 mil vagas a mais com carteira no período, o primeiro avanço após três trimestres de estabilidade ao longo do ano.

Essa melhora foi puxada, justamente, pelos ramos industriais de maior intensidade tecnológica. A indústria de alta tecnologia aumentou em 9% o total de ocupados com carteira no quarto trimestre de 2019, em relação a igual período de 2018.

Mas a indústria sofre o baque da pandemia pois os seus importadores e exportadores reduziram drasticamente os pedidos de produção, pois, seus países também foram afetados, em especial a China, que possui grande comércio de importação e exportação pelo mundo.

Os impactos negativos vêm piorando desde o início de fevereiro, conforme sondagem da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

Na terceira edição da pesquisa, divulgada em março, 70% das empresas entrevistadas relataram problemas no recebimento de materiais, componentes e insumos da China. Na primeira edição da sondagem (5 de fevereiro), o número de empresas com problemas havia sido de 52% e, na segunda edição (20 de fevereiro), de 57%.

Diante disso, estima-se que 20 mil a 30 mil funcionários de empresas do ramo devem ter a rotina de trabalho alterada no curto prazo, com redução de jornada e férias coletivas.

Fonte: Exame/Estadão/Abinee

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